quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Os misteriosos mistérios de Déminpépou

Continuação do capítulo 3 - parte 3

“É só isso?”, perguntei depois que ela acabou. “Que fácil!”
Ela estava com uma expressão preocupada.
“Bom, do jeito que eu conheço, é assim”, ela fitava o Sol, “mas talvez os guardiões dessas estrelas independentes tenham modificado o jeito de entrar. Não dá pra saber.”
“Só se a gente achar uma dessas estrelas independentes e tentar entrar”, disse meu irmão.
“A crise de inteligência passou, é?”, perguntou minha prima. “Podemos pedir para a Starslyn nos levar a uma estrela que pertença a ela, abri-la e nos ajudar a retirar o picaploretum.”
Meu irmão olhou com uma cara feia para ela.
“Bem, para falar a verdade...”, disse Starslyn, a expressão agora muito mais preocupada, “... não faço ideia de onde o picaploretum se encontra dentro da estrela, desde o começo da minha existência, quando ficou determinado que eu ia ser a nova fada das estrelas, tento encontrá-lo, mas ainda não descobri em que região do interior da estrela ele se localiza.”
“Mas...”, eu disse, desapontado, “... mas os cientistas-elfos já sabem onde é que o picaploretum fica, e você, que é a fada das estrelas, não sabe?”
“É muito mais fácil achar picaploretum inativo do que ativo”, ela disse. “Os cientistas-elfos só descobriram picaploretum inativo até hoje, em mais de 400.000 anos.”
“Por que é mais fácil achá-lo inativo?”, perguntou meu irmão.
“Porque”, disse Starslyn, “assim que a estrela ‘morre’, digamos que ela ‘cospe’ o picaploretum. É, mais ou menos isso, eu acho. E não, eu não faço ideia de qual seja esse guardião que o poema fala”, acrescentou, ao ver minha prima mostrando a bomba falsa e abrindo a boca para perguntar. “Mas de uma coisa eu tenho certeza: não é uma criatura mansa. É um bicho muito agressivo.”
“Como sabe?”, perguntou meu irmão.
“Uma vez”, disse ela, “quando eu tinha mil anos, quando eu estava passeando com a minha estrela-transporte, eu cruzei com uma estrela independente. O guardião arreganhou os dentes, mostrou as garras e quase me mordeu.”
“Que bicho ele era?”, perguntou meu irmão.
“Não lembro direito, mas acho que era um mirmecoleão. Ou talvez uma quimera.”
“Quem?”, perguntou meu irmão. Ele não tinha entendido nada. Eu sabia que monstros eram esses, e já ia responder, mas minha prima passou na minha frente.
“Um mirmecoleão é um bicho metade formiga, metade leão. Uma quimera é metade leão, metade cabra, e tem rabo de dragão.”
“É isso aí”, disse Starslyn. “Muito bem, querida.”
Minha prima sorriu para a fada. Então, de repente, alguma coisa brilhou.
“Ah, não”, disse Starslyn.
Ela arregalou os olhos enquanto olhava para o local de onde surgiu o brilho forte.
“O que foi?”, perguntei. Ela não respondeu.
“O QUE FOI?”, gritou minha prima.
Starslyn continuava desatenta, só olhando para o local que não parava de brilhar.
“Star?”, disse Ak.
Nada.
“STARSLYN!”, gritou o elfo.
A fada das estrelas se assustou e olhou para nós.
“Quê?”, disse ela.
“O que foi?”, perguntou meu irmão.
“O que foi o quê?”, perguntou a fada.
Cansei, disse a mim mesmo.
“O que foi AQUILO?”, perguntei, concentrando quase todo o potencial da minha voz na palavra “aquilo” e apontando para o lugar que brilhava.
“Ah, aquilo?”, perguntou ela. “Estão atacando as estrelas!”
Ela parecia desesperada. Parecia não; estava desesperada.
“Preciso fazer alguma coisa!”, disse ela, dando pulos no chão de Saturno. Virou-se para nós e disse: “Desculpe não poder ir com vocês na sua busca por picaploretum. Mas uma coisa eu garanto: vocês vão conseguir.”
Depois que acabou de falar, ela saiu voando desesperadamente. Olhei para os lados procurando um ponto fixo para observar, e vi que ela tinha esquecido a estrela falsa que usava como transporte.
“Podem usá-la como transporte”, disse alguém atrás de nós. Nós quatro gritamos e quase pulamos de susto.
“Usar o quê como transporte? Sua estrela?”, perguntei, apontado para a estrela-transporte.
“É”, disse ela, “isso aí. Agora tenho que ir, tchau!...”
Ela estava tão desesperada que correu e caiu no espaço. Esqueceu de voar.
“Star!?”, disse Ak.
“Oi.”
Ela apareceu atrás da gente. Nos assustamos de novo.
“Por que você está com tanta pressa?”, perguntei, antes que ela pudesse sair correndo, ou voando, de novo.
“Porque estão atacando as estrelas!”
“É claro, você é a fada das estrelas. Faz sentido que se preocupe com elas”, disse minha prima.
“Não é só com elas que estou preocupada”, defendeu-se Starslyn. “É com o universo inteiro. Se uma estrela for atingida repetidas vezes, ela pode gerar uma defesa, mas essa defesa é um jato de luz tão forte, mas tão forte, que pode desintegrar uma galáxia inteira! E esses raios de luz é ela se preparando para fazer isso! Ela só pode estar sendo bombardeada!”
“Como você sabe que é uma só?”, perguntou meu irmão.
“Por que não costumam existir duas estrelas tão próximas. Agora preciso ir, mesmo!”
Ela foi. Saiu voando apressada e desapareceu no lugar do raio de luz em pouco menos de três segundos.
Só então me dei conta de uma coisa. Eu já devia estar há uma hora no universo, e só percebi isso agora.
“Ak,”, eu disse, “nós estamos no espaço, não é?”
“Dãã!”, disse minha prima antes que ele pudesse responder.
Ak olhou para mim.
“Sim, é claro, Démin.”
“Então, como é que nós estamos respirando?”, perguntei.


Não se perca por aí:


1>> Déminpépou e o Ovo Cósmico - capítulo 1

2>> Déminpépou e o Ovo Cósmico - continuação do capítulo 1 - parte 2
3>> Déminpépou e o Ovo Cósmico - continuação do capítulo 1 - parte 3
4>> Déminpépou e o Ovo Cósmico - continuação do capítulo 1 - parte 4
5>> Déminpépou e o Ovo Cósmico - continuação do capítulo 1 - parte 5
6>> Déminpépou e o Ovo Cósmico - continuação do capítulo 1 - parte 6
7>> Déminpépou e o Ovo Cósmico - final cap. 1

8>> Déminpépou - cap. 2

9>> Déminpépou - continuação do cap. 2 - parte 1

10>> Déminpépou - continuação do cap. 2 - parte 2

11>> Déminpépou - continuação do cap. 2 - parte 3

12>> Déminpépou - continuação do cap. 2 - parte 4

13>> Déminpépou - continuação do cap. 2 - parte 5

14>> Déminpépou - final cap. 2

15>>Déminpépou - cap. 3

16>>Déminpépou - continuação do cap. 3 (parte 1)

17>>Déminpépou - continuação do cap. 3 (parte 2)


Um comentário:

Andreia Santana disse...

Você é muito boooooommmmmm!!!! Very proud of you :)