Continuação do capítulo 2 - parte 5
“Desistiu de pular?”, perguntei, assim que me sentei do lado dele.
“Não”, ele respondeu com tristeza na voz, como se não quisesse pular e alguém estivesse obrigando-o. “Só estou esperando todos acordarem, para que todos vejam meu ato corajoso...”
“...que vai fazer você ir para o hospital todo ferido e sangrando”, eu disse, interrompendo meu irmão. A parte do “sangrando” eu usei só para assustá-lo e fazer com que desistisse da ideia.
“Eu já te disse que é miragem”, falou uma voz atrás de nós.
Me virei e vi que minha prima estava caminhando em nossa direção. Se sentou do lado direito de meu irmão.
“Eu já disse que é miragem”, repetiu ela, jogando os cabelos no ombro direito. “Mas você não me escuta”.
“Cada um tem sua opinião, e eu acho que não é miragem”, protestou meu irmão.
“Isso não tem nada a ver com opiniões, mano”, eu disse. “E se for miragem? Não devemos pular na direção desse troço sem antes sabermos o que realmente é”.
“Eu sei o que é. É um ovo maluco com uma metade flutuando e um portal dentro. Só isso não basta?”
Eu ia dizer que não, que ele não deveria pular. Mas quando abri a boca, ouvi um bocejo atrás de nós.
“Nossa, não se pode nem dormir direito nesta floresta?”, perguntou Akchimy. “A discussão de vocês me acordou”, disse ele, se espreguiçando. Foi até o barranco, onde nós estávamos, mas voltou para o lugar que ele dormiu e arrastou uma pedra de volta ao seu lugar.
Só então percebi que ele havia usado uma pedra como travesseiro, e agora estava colocando-a de volta em seu lugar. Perguntei a ele se sua cabeça não estava doendo por causa da pedra. Ele disse que não.
Naquele exato momento, meu irmão se levantou:
“Não aguento mais!”, ele disse, dobrando os joelhos e esticando os braços para a frente. “Vou pular!”, ele gritou.
Assim que disse isso, ele deu um salto enorme para a frente, pulando na direção do ovo com o portal – mas, antes que ele pudesse tocar no portal-ovo, este sumiu, e meu irmão caiu no chão duro e rachado do barranco.
De repente, duas pessoas saltaram de trás das árvores da outra extremidade do barranco. Eu as reconheci imediatamente: Um e Dois, as pessoas que queriam o Ovo Cósmico.
Um deles era narigudo, meio careca e um pouco gordinho. Estava usando uma camisa de mangas laranja e rasgada e uma calça preta também rasgada. O outro tinha um olho vermelho e outro laranja e era alto e muito magro, dava pra ver seus ossos. Vestia uma blusa sem mangas branca com listras verticais vermelhas e calça jeans azul, dobrada até o tornozelo.
“Era só uma projeção, seus idiotas!”, disse um deles, talvez Um, se acabando de dar risada.
“Miragem?”, disse meu irmão. Eu vi que ele estava deitado no chão do barranco, mas não estava sangrando. Ele lançou um olhar a minha prima, que o retribuiu com uma cara zangada, como se ela dissesse “Eu avisei”.
“Isso mesmo, burro!”, disse o outro, talvez Dois, e em seguida, olhou para mim. “Nós sabíamos que você estava ouvindo a conversa o tempo inteiro, Déminpépou!”, ele deu um sorriso maldoso para mim. “Por isso, atraímos você e seu amigo elfo patético para o barranco. Nós queríamos que você achasse seu irmão e sua prima, por isso os escondemos naquela árvore!”, ele apontou, com um dedo ossudo, para a árvore que Akchimy havia cortado a frente do tronco.
“Vocês nos enganaram!”, gritou Akchimy. “E, a propósito, parece que seu nariz cresce cada vez mais, Um”, acrescentou.
Todos riram, até dois. Um fez uma cara muito feia. Descobri que ele era o narigudo, e Dois era o ossudo.
“Pare de rir!” gritou Um para Dois, e em seguida começou a falar (quando Dois já tinha parado de rir, o que demorou): “Quando você e o elfo chegaram aqui, fizemos uma projeção de um ovo com um portal usando...”
“...este celular!”, interrompeu-o Dois, erguendo o celular na mão direita.
“E vocês caíram direitinho na pegadinha, não é mesmo?”, Um olhou para meu irmão, que já tinha levantado e retrucou com uma expressão zangada. “Retardados!”
“Já chega”, disse Dois a Um, guardando o celular no bolso direito da jeans e virando-se para Um. “Vamos fugir!”
Assim que ele disse isso, os dois começaram a correr para longe do barranco. Correram pela floresta da outra extremidade do barranco, até sumirem de vista.
Agora é que nunca alcançaremos eles, pensei comigo mesmo.
“Não”, ele respondeu com tristeza na voz, como se não quisesse pular e alguém estivesse obrigando-o. “Só estou esperando todos acordarem, para que todos vejam meu ato corajoso...”
“...que vai fazer você ir para o hospital todo ferido e sangrando”, eu disse, interrompendo meu irmão. A parte do “sangrando” eu usei só para assustá-lo e fazer com que desistisse da ideia.
“Eu já te disse que é miragem”, falou uma voz atrás de nós.
Me virei e vi que minha prima estava caminhando em nossa direção. Se sentou do lado direito de meu irmão.
“Eu já disse que é miragem”, repetiu ela, jogando os cabelos no ombro direito. “Mas você não me escuta”.
“Cada um tem sua opinião, e eu acho que não é miragem”, protestou meu irmão.
“Isso não tem nada a ver com opiniões, mano”, eu disse. “E se for miragem? Não devemos pular na direção desse troço sem antes sabermos o que realmente é”.
“Eu sei o que é. É um ovo maluco com uma metade flutuando e um portal dentro. Só isso não basta?”
Eu ia dizer que não, que ele não deveria pular. Mas quando abri a boca, ouvi um bocejo atrás de nós.
“Nossa, não se pode nem dormir direito nesta floresta?”, perguntou Akchimy. “A discussão de vocês me acordou”, disse ele, se espreguiçando. Foi até o barranco, onde nós estávamos, mas voltou para o lugar que ele dormiu e arrastou uma pedra de volta ao seu lugar.
Só então percebi que ele havia usado uma pedra como travesseiro, e agora estava colocando-a de volta em seu lugar. Perguntei a ele se sua cabeça não estava doendo por causa da pedra. Ele disse que não.
Naquele exato momento, meu irmão se levantou:
“Não aguento mais!”, ele disse, dobrando os joelhos e esticando os braços para a frente. “Vou pular!”, ele gritou.
Assim que disse isso, ele deu um salto enorme para a frente, pulando na direção do ovo com o portal – mas, antes que ele pudesse tocar no portal-ovo, este sumiu, e meu irmão caiu no chão duro e rachado do barranco.
De repente, duas pessoas saltaram de trás das árvores da outra extremidade do barranco. Eu as reconheci imediatamente: Um e Dois, as pessoas que queriam o Ovo Cósmico.
Um deles era narigudo, meio careca e um pouco gordinho. Estava usando uma camisa de mangas laranja e rasgada e uma calça preta também rasgada. O outro tinha um olho vermelho e outro laranja e era alto e muito magro, dava pra ver seus ossos. Vestia uma blusa sem mangas branca com listras verticais vermelhas e calça jeans azul, dobrada até o tornozelo.
“Era só uma projeção, seus idiotas!”, disse um deles, talvez Um, se acabando de dar risada.
“Miragem?”, disse meu irmão. Eu vi que ele estava deitado no chão do barranco, mas não estava sangrando. Ele lançou um olhar a minha prima, que o retribuiu com uma cara zangada, como se ela dissesse “Eu avisei”.
“Isso mesmo, burro!”, disse o outro, talvez Dois, e em seguida, olhou para mim. “Nós sabíamos que você estava ouvindo a conversa o tempo inteiro, Déminpépou!”, ele deu um sorriso maldoso para mim. “Por isso, atraímos você e seu amigo elfo patético para o barranco. Nós queríamos que você achasse seu irmão e sua prima, por isso os escondemos naquela árvore!”, ele apontou, com um dedo ossudo, para a árvore que Akchimy havia cortado a frente do tronco.
“Vocês nos enganaram!”, gritou Akchimy. “E, a propósito, parece que seu nariz cresce cada vez mais, Um”, acrescentou.
Todos riram, até dois. Um fez uma cara muito feia. Descobri que ele era o narigudo, e Dois era o ossudo.
“Pare de rir!” gritou Um para Dois, e em seguida começou a falar (quando Dois já tinha parado de rir, o que demorou): “Quando você e o elfo chegaram aqui, fizemos uma projeção de um ovo com um portal usando...”
“...este celular!”, interrompeu-o Dois, erguendo o celular na mão direita.
“E vocês caíram direitinho na pegadinha, não é mesmo?”, Um olhou para meu irmão, que já tinha levantado e retrucou com uma expressão zangada. “Retardados!”
“Já chega”, disse Dois a Um, guardando o celular no bolso direito da jeans e virando-se para Um. “Vamos fugir!”
Assim que ele disse isso, os dois começaram a correr para longe do barranco. Correram pela floresta da outra extremidade do barranco, até sumirem de vista.
Agora é que nunca alcançaremos eles, pensei comigo mesmo.
Esta história está muito grande... aqui estão as outras partes
1> Déminpépou e o Ovo Cósmico - capítulo 1
2> Déminpépou e o Ovo Cósmico - continuação do capítulo 1 - parte 2
3> Déminpépou e o Ovo Cósmico - continuação do capítulo 1 - parte 3
4> Déminpépou e o Ovo Cósmico - continuação do capítulo 1 - parte 4
5> Déminpépou e o Ovo Cósmico - continuação do capítulo 1 - parte 5
6> Déminpépou e o Ovo Cósmico - continuação do capítulo 1 - parte 6
7> Déminpépou e o Ovo Cósmico - final cap. 1
8> Déminpépou - cap. 2
9> Déminpépou - continuação do cap. 2 - parte 1
1o> Déminpépou - continuação do cap. 2 - parte 2
11> Déminpépou - continuação do cap. 2 - parte 3
12> Déminpépou - continuação do cap. 2 - parte 4
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