terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Os misteriosos mistérios de Déminpépou

Continuação do capítulo 1 - Final

E sem perder mais tempo, eu e Akchimy corremos pela floresta inteira, desviando das árvores, quando chegamos a um barranco. Quase nós caíamos. Geralmente, se caímos de um barranco, caímos em um lugar bem fundo, podemos até morrer. E do outro lado tem outro barranco. Mas esse barranco tinha tanta neblina que não dava pra ver nada. Só deu pra ver que no buraco o qual nós íamos cair tinha um ovo enorme parecido com um ovo de galinha que tinha se quebrado em duas metades. Uma das metades estava flutuando e toda rachada – a outra estava em pé no fundo do barranco, que não era muito fundo e tinha um chão todo rachado que parecia o de um sertão – e dentro do ovo tinha uma coisa parecida com um portal arco-íris. Parecida não: igual.
TUM! TUM! TUM!
O que terá sido esse barulho? Vinha de uma árvore que estava atrás de mim.

TUM! TUM! TUM!

“SOCORRO!!!” Epa! Alguém pediu socorro. Parecem duas pessoas, um menino e uma menina, e o som parece estar vindo daquela mesma árvore que fez TUM! TUM! TUM! “SOCORRO! TEM ALGUÉM AÍ?” “Oi?”, arrisquei-me em dizer. Só espero que não seja uma armadilha. “DÉMINPÉPOU É VOCÊ? SOCORRO, SOCORRO!”, disse a menina. “POR FAVOR, NOS AJUDE A SAIR DAQUI!”, disse o menino. Naquele minuto, meus olhos se arregalaram. Primeiro, eu me perguntei se aquelas vozes me conheciam, pois tinham dito meu nome, mas depois eu as reconheci, como elas reconheceram minha voz. Akchimy me perguntou o que ouve, o que aconteceu comigo. Eu nada respondi. Estava completamente feliz e espantado para isso. Eu não acreditava no que via – ou melhor, no que ouvia – e acredito que o menino e a menina que estavam dentro da árvore também não acreditavam que tinham ouvido minha voz. Durante alguns (na verdade, vários) minutos, eu esqueci de tudo. Esqueci de Akchimy Rendeguer, o elfo que conheci; esqueci do prédio com apenas uma janela; esqueci de Um e Dois, os chefes do baixinho e gorducho e do alto e magricelo; esqueci do barranco com um ovo quase rachado em duas metades e do portal arco-íris dentro dele; e, sobretudo, esqueci do meu dom, coisa que nunca tinha acontecido desde que eu soube que o tinha. Naquele momento, só me lembrei das vozes que gritavam dentro da árvore, pedindo para eu tentar libertá-las. Senti uma sensação esquisita, como se todas as minhas lembranças, todas as lembranças que eu tive em toda a minha vida estivessem indo embora, e na minha mente apenas permaneceram as vozes de meu irmão e de minha prima.

Acompanhe a história desde o começo:

1 - Déminpépou e o Ovo Cósmico
2 - Déminpépou e o Ovo Cósmico - Parte 2
3 - Déminpépou e o Ovo Cósmico - Parte 3
4 - Déminpépou e o Ovo Cósmico - Parte 4
5 - Déminpépou e o Ovo Cósmico - Parte 5
6 - Déminpépou e o Ovo Cósmico - Parte 6

Um comentário:

Andreia Santana disse...

Quem tem o dom na verdade é você e não o Déminpépou. A cada capítulo fica melhor...E eu já estava me perguntando quando ele iria encontrar o irmão e a prima raptados. Seu dom? Imaginação, muita imaginação e um arsenal de leituras que te deram um vocabulário que poucos adultos têm.