Havia uma menina rica e com muitas qualidades, mas com um único defeito: era metida. O nome dela era Clara e ela morava em uma mansão enorme com seus mordomos. Certo dia, um dos mordomos, revoltado porque ela o tratava com indiferença, roubou o cofre e apostou todo o dinheiro num cassino, mas acabou perdendo. Ele ficou muito triste, pois queria multiplicar o dinheiro para ficar rico. Sobrou apenas uma moedinha.
– Buáááá! Ai, como a vida é dura!
Como Clara era órfã, tinha despedido os mordomos depois que ficou pobre e não podia morar sozinha na mansão, teve que ir para a casa de uma tia que morava em uma favela no interior. Clara ficou assustada com essa ideia, pois nunca tinha ido a uma favela e também não tinha o costume de ser pobre. Mal sabia o que é favela. Mas não tinha outra opção.
No dia seguinte, ela arrumou as malas e, com o resto das suas economias, pagou uma passagem de ônibus para ir até o interior, onde sua tia morava. Quando chegou lá, viu que o lugar era mal-cuidado e as ruas, cheias de lixo. Era totalmente diferente do que ela estava acostumada.
Quando a tia a viu, ficou muito feliz e começou a apresentar o lugar a ela:
– Sobrinha! Você veio morar aqui! Essa é minha casa; essa é a da vizinha; essa outra...
– Olá, tia.
A tia de Clara era legal e muito humilde. Recebeu-a muito bem. Quis que ela ficasse muito confortável, mesmo a casa sendo pobre.
Como Clara não tinha nada para fazer, decidiu conhecer o mercadinho da favela. Ao chegar lá, se esbarrou, sem querer, em um rapaz alto e moreno que estava comprando cenouras. Assim que ela o viu, foi como amor à primeira vista. O rapaz falou:
– Me desculpe. Qual é o seu nome?
– Meu nome é Clara. E o seu?
– Eu me chamo Pedro e tenho 16 anos.
– Eu tenho 15 anos.
Eles começaram a conversar e perderam a noção do tempo. A tia de Clara ficou muito preocupada com ela por causa da demora, mas tentou ficar calma.
Quando Clara viu que já era tarde, se despediu de Pedro e foi correndo para casa. Ao chegar lá, sua tia foi logo perguntando onde ela estava e com quem. Então Clara disse:
– Calma tia, não precisa ficar preocupada, eu estava em frente ao mercadinho com meu novo amigo, Pedro.
Sua tia, ao ouvir isso, disse:
– Clara, eu não quero você andando por aí sozinha. A favela é perigosa, não se pode confiar em todo mundo.
– Ai tia, mas o Pedro é tão lindo e educado.
– Está apaixonada?
– Não sei.
– Tá certo, vá dormir que já está tarde. Boa noite.
Dias se passaram e Clara foi novamente ao mercadinho para re-encontrar Pedro. Os dois marcaram de se encontrar num jardim lindo e florido que ficava próximo à favela.
No dia do encontro, Pedro chegou primeiro no jardim e ficou esperando Clara. Quando ela chegou, disse:
– Oi Pedro, que bom que você veio.
– Claro que eu vim. Como eu poderia faltar um encontro com você, Clara?
– Sério? Bem... Eu tenho uma coisa pra te dizer.
– O quê?
– Eu acho que estou apaixonada... Por você.
– Eu também.
Daquele dia em diante, os dois começaram a namorar. Se encontravam todos os dias. Tudo estava indo muito bem.
Certo dia, a tia de Clara veio entregar-lhe uma carta:
– Clara, eu estava examinando a minha caixa de correio e vi esta carta. Diz aqui que é do Tribunal para Clara Bittencourt.
– Obrigada, tia.
Clara já tinha amigos e também já estava acostumada com essa vida, porque isso era o que menos a importava. O mais importante para ela era Pedro, por quem ela estava loucamente apaixonada. Clara contou para Pedro da carta quando eles se encontraram de novo:
– Pedro, eu recebi hoje uma carta do Tribunal dizendo que meu pai, no seu testamento, deixou uma certa herança para mim.
– E o que você vai fazer?
– Eu não sei. Eu gostava da minha mansão, mas você sabe que eu já estou acostumada com a favela, e sabe também que eu gosto de você.
– Então você não vai, né?
– Eu acho que sim, porque por mais que eu goste de você e de morar aqui, eu sinto saudades da vida que eu tinha.
Ela percebeu que Pedro tinha ficado triste, então começou:
– Pedro...
– Se você quer voltar para a sua antiga mansão, volte. Eu não posso impedir.
Ao dizer isso, ele começou a correr em direção a sua casa.
Clara ficou triste porque havia decepcionado Pedro.
Enquanto isso, sua tia estava falando sozinha, preocupada com ela:
– Meu Deus, o que aconteceu com essa menina? Será que mataram ela? Não, sua louca. Será que assaltaram ela? Sequestraram ela? Fizeram alguma coisa com ela? Eu já disse a ela que a favela é perigosa, mas ela não me escuta... Meu Deus do céu!
Naquela noite, Clara voltou para casa muito triste. Ao entrar em casa, viu sua tia falando sozinha:
– E agora? Se aquela menina tivesse me escutado, não teria nem saído de casa, muito menos demorado tanto...
– Tia? Cheguei. Não aconteceu nada comigo.
– AAAAAIIIII! Que susto você me deu, menina!
Clara contou o que tinha acontecido para a tia. Ela disse:
– Amanhã, vá até o mercadinho e veja se Pedro está lá. Senão, você procura saber onde ele mora, mas você precisa conversar com esse rapaz, Clara.
– Está bem, tia.
– Agora, vá dormir.
No dia seguinte, Clara foi até o mercadinho bem cedo. Procurou por Pedro dentro e fora do mercadinho, mas não o encontrou. Então, quando olhou para o outro lado, viu que ele estava parado em frente à sua casa. Clara, então, correu até lá:
– Precisamos conversar, Pedro.
– Conversar o quê?
– Eu sei que ontem você me entendeu mal. Eu estava pensando em voltar para a mansão, mas não posso morar sozinha.
– E daí?
– Daí que eu pensei em te convidar para morar comigo.
– Sério? Eu não sei... Minha família é bem humilde, eu não estou acostumado com mordomia, riqueza... E eu vou sentir saudades da minha mãe e do meu pai.
– Eles podem ir morar lá também.
– Mesmo? Puxa... Está bem, vou falar com eles.
Clara se sentiu muito mais feliz do que no dia anterior. Foi correndo falar com a tia. Contou sobre a conversa que teve com Pedro. Sua tia disse:
– Eu vou sentir saudades de você, Clara.
– Eu também, tia.
Os olhos da tia se encheram de lágrimas. As duas se abraçaram, e então Clara disse:
– Tia, eu sei que você vai sentir saudades de mim e eu, de você. Quer ir morar na mansão comigo, Pedro e a família dele?
– Eu, Clara? No meio de tanta riqueza e mordomia? Está bem, se você quer... E eu acho que já está na hora de deixarmos a favela, não acha? Ai, ai, vou sentir saudades daqui.
No dia seguinte, Clara, Pedro, a tia dela e a família dele arrumaram as malas e foram até a mansão no carro do antigo motorista de Clara, que não havia sido demitido.
Ao chegar lá, todos foram se acomodando. Ficaram meio sem jeito, mas com o tempo, se acostumaram com a mansão imensa. Clara contratou novamente todos os mordomos que havia despedido, menos o que roubou seu cofre e apostou sua fortuna.
Clara estava namorando com Pedro, e todos estavam vivendo felizes na mordomia e riqueza da mansão de Clara.
FIM!
Texto produzido por Matheus Dultra, Beatriz Brito e Belle Vrinda
2 comentários:
Nossa, vocês fizeram um bom trabalho!
obrigado.
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