Uma situação envenenada
No capítulo anterior, Diópis leu no Livro de Criaturas Marítimas coisas sobre a Serpenpeixe. Agora você poderá rever a última fala do 2º capítulo:
– N-não sei... – gaguejou o capitão Dura. – Senti como se eu tivesse sido mordido no meu braço direito – lamentou o capitão.
Assim que a tripulação ouviu o capitão dizer que tinha sido mordido (e todos tinham ouvido Diópis ler sobre a cura no livro, porque ele lê muito alto), deduziram que a Serpenpeixe o havia mordido, e como todos tinham ouvido a cura quando Diópis leu, sabiam que a criatura deveria dar outra mordida, com a mesma forma da primeira, para curá-lo. Tentaram de todo modo atrair a criatura, com bifes e outras comidas feitas com carne, mas a Serpenpeixe não era tão boba assim. Na verdade, ela não era boba.
– Diópis, eu sei que eu fui mordido pela serpente-peixe, então olhe que forma a mordida dela deixou – disse o capitão Cabeça Dura.
– Um 5 e um m, capitão – respondeu Diópis sem respirar e gaguejar.
– Isso significa que eu morrerei em cinco meses, não é? – perguntou o capitão.
– S-sim e n-não – disse Diópis.
– Como assim? – perguntou o capitão.
– Se você fo-fosse mo-morrer, ca-capi-pitão-tão – disse Diópis, gaguejando um bocado –, se-seria em cin-cinco meses, m-mas o se-senhor não v-vai mo-morrer não, não é?
– Isso só Deus sabe, Diópis, isso só Deus sabe.
Passado um mês...
– Agora só faltam quatro meses para eu morrer – disse o capitão, sem medo de morrer.
– Não diga isso, capitão, o senhor não vai morrer – disse, todo otimista, Tyruir, mestre em computação e livros manuais (se puder, leia as falas dele bem rápido, porque ele fala bem rápido), mas no Návio Pirat’s Nine só existia um único computador, e mesmo assim, estava para pifar.
– C-capitão! Capitão! – gritou Diópis, como se tivesse achado um tesouro.
– O que foi, Diópis? – perguntou o capitão.
– T-tem uma informação n-no li-livro q-que e-eu n-não vi – disse Diópis.
– Pois então leia, ora bolas! – ordenou o capitão.
– “A cada mil anos, a Serpenpeixe desperta sozinha, e parte em busca de uma embarcação para atacar. Elas podem ficar até 30 anos acordadas. É por isso que dormem durante 1.000 anos depois. Durante o sono, nem o mais alto ruído pode acordá-la, mas quando acorda, parte em busca de quem provocou esse ruído, porque ela não o ouve dormindo, mas percebe que ele foi provocado e percebe também quem o provocou. E se você tentar matá-la enquanto está dormindo (‘matá-la’ porque só existe um espécime), não conseguirá. Se cortar sua cabeça, esta voltará para o seu lugar. Se tocar fogo nela, as cinzas a formarão de volta etc., etc., etc.” É-é isso, capi-pitão – leu Diópis, novamente sem gaguejar.
CRAC!
Ouviu-se um ruído. O navio começou a afundar. O casco, que era difícil até de ser arranhado, quanto mais rachado, foi rachado – eu acho que vocês já sabem por quem.
– Estamos afundando, tripulação! – gritou o capitão Cabeça Dura.
– Tem razão, capitão! – gritou algum membro da tripulação.
– É claro que tenho! – gritou o capitão. – Depressa, tripulação! – disse ele, ao invés de gritar “Depressa, Diópis!”. – Depressa, tripulação! – gritou ele mais uma vez. – Nadem até aquela ilha! A criatura está atrás de nós!
Um comentário:
Ai meu deus do céu!! o que será que vai acontecer com o Capitão Dura? E como ele vai se livrar do veneno da Serpenpeixe? Não me deixe nesse suspense criatura!!!!
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